quarta-feira, 28 de abril de 2010

O enfermo


Sorriso a derreter,
Febre que liquifaz:
Tempo a escorrer!
Volta que não refaz!

O enfermo, na cama, cochilo enganado;
Na cabeceira: telefone e flores que não desejou...
Doente que cospe feridas - outro machucado;
Do termômetro fez-se espada - outro exasperou...

Dor aguda, mexe-lhe com a razão;
Pertuba(dor)... Vazão da vertigem;
Ver-se dilacerar sem saber sua origem;
Voam fuligens de músculo do são...

AMOR

Composição: João Ricardo - João Apolinário
 
Leve, como leve pluma
Muito leve, leve pousa.
Muito leve, leve pousa.
Na simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma
Suave coisa nenhuma.
Sombra, silêncio ou espuma.
Nuvem azul
Que arrefece.
Simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma.
Que em mim amadurece

domingo, 25 de abril de 2010

Traga água doce!...



Eu sabia que ele viria!...
Não, não havia a certeza,
O saltitar no peito e entusiasmo das mãos
- que teimam em pentear-me e perfumar-me... e "mes" de nós...

Eu queria que viesse!...
E do desejo do querer acredita-se,
Banha-se, troca-se...
Roupa de festa para a fresta da porta 
- que teima em não abrir!...

E atesta-se, contesta-se, manifesta-se:
Ainda nem um sinal!
MAS ele vem!
Pernas inquietas... e "ses" de mim...

Nada... nada... o nada é algo...
O algo é preencher...
Lacunas assustam-me...
Logo... salve o lago de sentires
- que teima em deixar-me boiar!...


Sê nosso esse lago!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Poema de Cassiano Ricardo

(Foto por Flaviele Leite)

As Andorinhas 
(CASSIANO RICARDO)
Nos
fios
ten
sos

da
pauta
de me-
tal

as
an
do
ri
nhas
gri-
tam

por
fal
ta
de u-
ma
cl'a-
ve
de
sol

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Flaviele

 (foto de Flaviele)
Doce menina, congela a imagem
Pausa - tempo para:
Paisagens, perfumes, amores, paixões...
... Fulguram!

Flaviele é menina-moça, 
Traquina, pula, sorri...
Coração de criança,
Com a grandeza das eras!...

Flaviele é Flá:
Três letras
- carinhos sem valor...
Ele vi, Flá... Flá, vi ele...
Seja visão, seja cacófato...
Flaviele é do tamanho que tem de ser!...

E quando tudo parece tirar-lhe o ar... clica!
... E quem não respira somos nós!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ansiedade em pétalas...

(Foto de Flaviele Leite)


Hoje estou ansiosa!...
Poderia encerrar assim, sem pormenores...
Deixemos a ferida cicatrizar...
Inalemos o perfume da flor...
...Quando a mesma banhar-se plenamente de sol!...

... Mas o desejo de gritar não pausa meus dedos!...
Grito [en]surdo[dor]...
... E as reticências não colocam fim:
Branco alheio que me arranha!...
Sabes? Pudesse saber...
Só sei que a lacuna é sentida,
Que a sentida cutuca,
Que os olhos nos olhos incomodam...
Oras, se incomoda refletes...
Se refletes... age!
Assim aguardo...

Atenciosamente, SAUDADE!...

Selo

Pequeno mimo aos blogs:

- Baita Blog;
- NOP;
- Pimenta Poética;
- Pensamentos, poesias e textos ao vento;
- Leca

Abraços a todos!

Create your own banner at mybannermaker.com!
Copy this code to your website to display this banner!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Gole de amorida...

(Linda imagem por Flaviele Leite)
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos ! - (Clarice Lispector)


Amo-te e bebo-te!...
Bebida gelada -

Agregada: aquece!...

Canto e brindo à vida...

A vida... ida...
Tão somente a alcolizar-me de alegria...

Peito a pulsar, costuras na alma...
Já não sei se sou ou suo:

Líquidos segregados do que não (se) parte!...