segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O cobertor


Abandonei meu bom cobertor...
Não que esteja sol,
Não que nuvens enegrecidas tenham se dissipado
...
... da vida... da minha... descoberta

Tenho frio, mas o cobertor já não me serve
Não que seja descartável,
Não que já não tenha me aquecido...
... variações térmicas... opor-se a lã de cada dia

O cobertor deixa pedaços que o vento leva
Não que eu inveje o vento,

Não que fique inutilizável
...
... mas pedaços não cobrem o todo que clama manta

Meu cobertor queria me aquecer sem vontade
Não que deixasse de me afagar
,
Mas queria tão somente cobrir meus pés
...
... pés gelados, mas todo um resto a desejar meias de metades que se completem

Deixei o cobertor, sem pronome...
Não que de fato eu possuísse,

Não que eu não congele
por vezes incontáveis ...
Mas senti que era hora de deixá-lo...

Ir...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Canteiro de tecido lírico


(Imagem retirada do Google)



Dor fina do gérmen ausente...
Terra adubada, chuva escassa.
Em segredo: canções tristes;
E me inundo de melancolia.

Coso enternecida poesia
Arremato, passo, não lavo.
Bordo pérolas, visto-me;
Frio acalentado, algumas rosas despertam...

Semente pérfida - perece.
Gestos silentes - crescem.
Jardim ávido - esqueces.
Palpitações vãs - padecem.

Ao semear e coser;
Sementes maviosas destacam-se dos meus olhos;
Escorrem frementes,
[terra umedecida.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Rápidas lembranças da casa no campo


Poço aberto, sombra n'água
Balde cheio de nostalgia.
Sazão, todavia, frutos verdes;

Colhemos juntos?

Não, tu apenas desconfiavas...

Ternura em ti havia

(Em mim igualmente...)

Hoje, nem falais...
Não vi seu sorriso,

Seus planos e anseios.
Amor - sentir fugidio!

Hoje, não colho rosas...

Mãos ainda marcadas por espinhos...

Tu não choras...

Entretanto, não esqueço!

E a vida - esta segue...



Poema em parceria com Osvaldo Fernandes...
... Poeta de sensibilidade ímpar...
... De talento igualmente...
Obrigada!!!!


Escrever um livro

Escrever um livro
e uma alma;
dar-lha...
E se viriam orelhas
e parágrafos crivos
cobertos com talma...

Como que com humildade
se cobre brio...

No anverso de páginas
de alvura provisória;
Letras vivazes aquecem vácuos...

Incompletudes d’alma,
afagadas por sentires límpidos.
... no afago do ser é que palavras entoam,
cantam e dançam nas folhas
[músicas que satisfazem leitores escassos
Que tocam... tocam vocábulos...
Tocam linhas... tocam e transpiram essência.

E assim, se escrevem,
cândidos e completos
... o livro
[a alma
e a inspiração...

Singular


Topázio
Lilás
Onde posso encontrar?

- Estão todos sonâmbulos!...
Eu te pudesse repor:
O lençol mitológico da noite
... de estrelas matinais.

Que a distinção desse poema abrigue-se na ternura;
Versos sem amarras e alegrias pueris e palavras límpidas.

Acontecimento ideal - se puder ser singular!
Problemas - que sejam recobertos por soluções!
Jogo de dados - que cada lance possa ser reformado!
Ser - que tenha originalidade inexplicável!

terça-feira, 11 de agosto de 2009


Poema em parceria com Jair Fraga...
... Obrigada amigo poeta!

Versos Na Água

Alguns versos caem na água;

Tu que me lês reflete-se...
E no teu sonho imagina

Como poderiam flutuar em seu rio...

Acharás-lhes beleza sequiosa?

Fará parte do ciclo hidrológico?

Lavará sua alma com poesia?
Ânsia incontentada, banhada.


Alguns versos me saem nas lágrimas

Vão escorrendo em minha face

Experimento-me enquanto o tempo

Dá uma forma, um disfarce


Você me pergunta quem sou

E o que quero com isso

Você me pergunta por que e para onde vou

Acaso pensaste que sou apenas

Uma tinta fresca que num belo dia

Dormiu e acordou poesia?

E a água leva meus versos

E os versos refletem em olhares serenos

E tu ignoras os respingos
Que molham suas vestes opacas e incoerentes.


Perguntas não respondidas em tardes úmidas.

Tu ignoras a poesia que insiste em lavar,

Alma,

Afagos,

Vidas não vãs...

Os versos... Os versos naufragam...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O que poderia ser sentido... no ilogismo dos ventos


Dia gélido... e dedos quentes a digitar
Palavras de camomila espargem
Quisessem acalmar meu ser a gritar
Pudera ver-te em minha vida, folhagem.


Incessante luta do pensamento...
Não, já não te esqueço... audaz tormento.


A insônia apontando você
E o coração aqui... tão dentro...
Resignado... perdido... sem a busca do porquê.


Sou fragmentos a bombear... o que se divide
Dia infindável... a fragilidade... esta incide.


Dolorosamente recrio a luz que você segue...
Num devaneio , vida de todas as cores...
Tinjo passos monocromáticos que te perseguem
Colorir, modificar... adornar meus não amores.


As luzes se apagam... dormir, não conseguiria
Tateio lembranças do que poderia...


Sentir que será nosso esse chão multicor...
O relógio canta minha hora, caminho
Camomila atua... sonífero de doce odor
Repouso dúvidas: você... sozinho.


Nômade de emoções atiradas ao vento
Residências longe da felicidade... sem rima final...
Sou apenas
[reticências...

Estive viajando... Eis que recebi um presente de uma amiga...
... Trata-se de um poema de Lya Luft que me inspirou...
... Posto, então, o poema da escritora e minha releitura, se assim posso chamar, uma vez que está carregada de sentires pessoais, como não poderia deixar de ser...


Canção da Estrela Murmurante

Nós nos amaremos docemente...
nesta luz, neste encanto, neste medo;

nós nos amaremos livremente

nos dias marcados pelos deuses;

Nós nos amaremos com verdade
porque estas almas já se conheciam;
nós nos amaremos para sempre
além da concreta realidade.

Nós nos amaremos lindamente;
nós nos amaremos como poucos.
Nós nos amaremos

no teu tempo.
(LUFT, Lya. Secreta Mirada)


Canção da Estrela Vociferante
 

A janela rubra vocifera trancas
E nós... nos amamos

Em cada canto, um refúgio...
Em cada abrigo, luminescências abrandam

No tempo d'água nos amamos
Nosso relógio: sem mostrador

Jarro de néctar pueril, saltos de sensações
Almas que se reencontram e se assimilam... saciaremos-nos

Nadine Granad

sábado, 1 de agosto de 2009

Do amor que não (se) parte...



A lua me incita e saio da gruta gélida
Sigo descendo por ruas nunca dantes percorridas
Passos largos para esquecer o que não há...

Do olhar para fora: apenas miragens
Do olhar para dentro: sonhos caramelizados

Eis meu par... Convite para dançar ao som de grilos
Enfrentamos olhares de serestas prontas

A lua na rua são tijolos que cheiram lar
A madrugada a nos luzir

Eu, meu par... teimamos em não interromper
Amada... assim julgada pelos risos madrigalistas
Brincamos na fonte... salpiscos de almíscar
Nós dois... cúmplices do que não se cronometra

Perde-se-á no caminho se tentar seguir nossos passos
Em passos descompassados gargalhadas brincam
Fugiram de ilhas e galopam em desafio
Explosão: somos pedacinhos... e ainda assim nos sentimos plenos!